domingo, 20 de janeiro de 2013

“Nova” fábrica da Renault terá mais robôs. Mas também terá mais gente

Quando terminar sua reforma e voltar a produzir, no próximo dia 8, a fábrica da Renault terá mais robôs e máquinas mais avançadas que aquela que montou o último automóvel apenas dois meses antes. Mas, em um aparente contrassenso, também vai empregar mais gente.
A empresa, que hoje tem 6,3 mil funcionários, dos quais 4,6 mil no chão de fábrica, vai contratar conforme a evolução da produção. A expectativa é de que, com o tempo, mil novos trabalhadores ocupem as dependências do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.
Galpão vai receber 180 caminhões por dia


Em termos relativos, a área construída no Complexo Ayrton Senna nem crescerá tanto. Boa parte do acréscimo se deve ao novo prédio da logística (foto), um galpão de 35 mil metros quadrados e 12 metros de altura que vai reunir peças que antes ficavam armazenadas na área fabril ou em tendas espalhadas pelo complexo industrial. O armazém tem 11 docas para receber peças nacionais e quatro para importadas, e já funciona em caráter parcial. Quando estiver pronto, receberá diariamente cerca de 25 contêineres e 180 caminhões, um a cada oito minutos.
Nissan
As reformas na Renault não afetam a unidade de veículos utilitários, que ocupa um prédio à parte. Com isso, segue em ritmo normal a produção dos modelos Frontier e Livina, da Nissan, e do furgão Renault Master.
Motores
A fábrica de motores do Complexo Ayrton Senna também vai crescer. As obras começaram na semana passada, e vão elevar a capacidade de produção de 400 mil para 500 mil motores por ano.
R$ 500 milhões é o valor que a Renault está investindo em sua fábrica. O inconveniente é que, nos dois meses de reforma, ela deixará de produzir 40 mil veículos.
A questão é que a expansão do quadro de pessoal na área fabril, da ordem de 20%, será acompanhada de um aumento de 35% na capacidade de produção, que chegará a 380 mil veículos por ano. Em outras palavras, a produtividade vai crescer.
No momento, parte dos operadores está em férias e parte está sendo treinada em grandes tendas ao redor da fábrica, para se acostumar aos novos equipamentos e às mudanças no sistema produtivo. Essas novidades são a parte mais importante da reforma, que mobiliza pouco mais de 1,2 mil pessoas, entre trabalhadores da construção civil e especialistas na montagem de linhas de produção.
Por todo lado, cartazes com a inscrição “60/h” acompanhada de frases motivacionais lembram o objetivo maior da modernização orçada em
R$ 500 milhões: elevar a capacidade de produção da unidade de veículos de passeio de 47 para 60 veículos por hora. Aumento que, na avaliação da Renault, será suficiente para suportar o crescimento de vendas que ela projeta para os próximos anos.

Atualização
A “ampliação” da Renault consiste de um pouco de expansão física propriamente dita e de muito remanejamento e upgrade das linhas de produção. Elas estão ganhando uma atualização de uns 15 anos, trocando uma engenharia de montagem típica de meados dos anos 1990 por algo mais 2013, por assim dizer.
Na divisão de carrocerias, o número de robôs de soldagem passará de 42 para 106. Na área de pintura, três máquinas antigas estão dando lugar a 24 robôs. Na linha de montagem final, onde o conjunto motor é unido à carroceria e o veículo recebe seus componentes internos, é tudo novo. Por lá, o número de estações – postos de trabalho em que itens como o painel e os bancos são encaixados no carro – subirá de 76 para 138.

“Não tão bom, mas mais barato”
Montar em dois meses o que a Renault chama de “uma fábrica dentro da fábrica” é mais ou menos como reformar uma residência em uma semana, com o inconveniente de continuar morando nela e convivendo com os móveis velhos que ficam, os que vão embora, alguns novos chegando e uns quantos pedreiros circulando em meio a tudo isso.
Para o chefe do projeto, o vice-presidente da Renault do Brasil, Alain Tissier, o sacrifício de encarar esse transtorno – e talvez perder mercado durante a parada – vale a pena. Construir uma nova fábrica para 100 mil unidades dos mesmos modelos (Duster, Sandero e Logan) seria inviável, diz.
Tissier conta que, quando aprovou o projeto, em fevereiro de 2012, a Renault estabeleceu alguns critérios. Entre eles, o curioso “not so good but cheaper”, algo como “não tão bom, mas mais barato”. Ou seja, o objetivo não é que a fábrica incorpore o estado da arte da indústria automotiva, e sim que consiga, em pouco tempo, produzir mais pelo menor custo.
A unidade, aliás, tem um jeitão “espartano” desde sua inauguração, em dezembro de 1998. Bem diferente da fábrica que a Volkswagen tem em São José dos Pinhais, que nasceu como a mais moderna da marca alemã. Aberta em janeiro de 1999, ela tem, entre outras inovações, a estrutura produtiva em forma de “Y”, em que as linhas de carrocerias, pintura e montagem se encontram em um mesmo ponto.

Fonte: Gazeta do Povo

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