terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro está garantida

Jonatas Dias Lima/Gazeta do Povo / Jovens chegam à Catedral de Colônia, na Alemanha, para ouvir Bento XVI em uma das edições da Jornada Mundial da Juventude Jovens chegam à Catedral de Colônia, na Alemanha, para ouvir Bento XVI em uma das edições da Jornada Mundial da Juventude Sucessão na Santa Sé

O arcebispo Dom Oriani Tempesta declarou ontem que a renúncia de Bento XVI não irá interferir no cronograma do evento
O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, garantiu que a renúncia do Papa Bento XVI não irá interferir no cronograma da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que está prevista para ocorrer em julho, no Rio, entre 23 a 28 de julho.
Dom Orani garantiu ontem que o sucessor de Bento XVI estará presente. A organização do evento aguarda a escolha do próximo pontífice para definir detalhes da visita e solicitações que podem vir do novo Papa.

Experiência espiritual


Foi realmente uma experiência espetacular, sem igual, pois é incrível uma quantidade imensa de jovens movidos pelo mesmo objetivo, de línguas e costumes diferentes. Toda a diferença e dificuldade de comunicação é diminuída perante a vontade e emoção de estarmos unidos na presença do Papa celebrando a Igreja de Cristo. Vale a pena participar, pois fora a experiência cultural, mais importante ainda é a experiência e crescimento espirituais.”
Josilaine Alberton (à esquerda), leitora.
Descontração



“Esta é uma das minhas imagens preferidas da JMJ Madri 2011. Estávamos perto da Praça de Cibeles, em Madri, no dia 19 de agosto de 2011. Passamos uma tarde muito intensa, vendo todos os jovens que chegavam para a Via-Crúcis com Bento XVI. Mas retornamos para o alojamento logo que a cerimônia começou, pois estávamos muito cansados e no outro dia teríamos uma programação muito pesada (incluindo uma longa caminhada até o aeródromo de Cuatro Vientos). Eu e o grupo de jovens de minha paróquia nos retiramos rapidamente, enquanto procurava, mesmo que atabalhoadamente, registrar algumas imagens dos jovens atentos sentados no asfalto e outras.
De repente vi uma mulher de frente para a multidão, segurando um leque. Cliquei rapidamente e fui recompensado com este belo sorriso.” Alexandre Silva, leitor.


Carisma


“O grande carinho do Papa Bento XVI pela juventude foi transbordante durante toda a JMJ de Madri. Especialmente no último dia em que esteve com a gente, na vigília. Mesmo debaixo de uma tempestade torrencial, o Papa permaneceu com os seus jovens. Em meio às suas últimas palavras, na manhã após a tempestade, nos disse: ‘Vivemos uma aventura juntos!’ E isso me fez perceber que, em meio a tantos milhares de jovens, o espírito mais jovem era o dele.”
Maria Teresa Bordini, leitora.
O Setor Juventude da Arquidiocese de Curitiba também emitiu nota informando que os preparativos para o recebimento da cruz e do ícone de Nossa Senhora, símbolos da JMJ, permanecem sem alteração. A cruz e o ícone de Nossa Senhora estarão em Curitiba em 23 e 24 de fevereiro.

Cativante

Durante todo o pontificado, o carismático João Paulo II deixou como marca a proximidade com os mais jovens e fundou a Jornada Mundial da Juventude, o maior evento da Igreja Católica em número de participantes. Mesmo com a difícil tarefa de suceder João Paulo II, Bento XVI reuniu milhões de jovens nas três JMJ das quais participou.
Contrariando as previsões mais pessimistas, a personalidade introspectiva do pontífice alemão não foi obstáculo para atrair a juventude católica. Com poucos meses de pontificado, Bento XVI reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas em Colônia, na Alemanha, em sua primeira visita à terra natal como pontífice.
Em 2008, na edição que ocorreu em Sydney, 400 mil jovens compareceram à distante Austrália, país onde os católicos são minoria. Por fim, em 2011, em Madri, Espanha, o público chegou a aproximadamente 2,5 milhões de pessoas.
Segundo o padre Alexsan­der Cordeiro Lopes, asses­sor da juventude na Arquidiocese de Curitiba, que esteve nas edições de Sydney e Madri, o papa conquistou os jovens com seus discursos cativantes. “Se os jovens vinham para a JMJ para ver João Paulo II, eles passaram a vir para ouvir Bento XVI”, diz. Para ele, o próximo Papa será acolhido com o mesmo carinho por tratar-se do sucessor de São Pedro, independentemente de suas características pessoais.
O padre destaca um momento da JMJ de Madri, quando uma forte chuva passou a cair no campo aberto onde ocorria a vigília final e o pontífice se recusou a sair do palco, mesmo com a insistência de seus assessores.
“Naquele momento, todos que estavam na vigília viram a determinação do Papa em permanecer junto com jovens”, diz.
Para o estudante de Direito na Universidade Federal do Paraná Fulvio Picoloto, que também esteve na última edição da JMJ, é a reunião de jovens muito diferentes por um mesmo objetivo o que chama a atenção no evento. “Ver aquela multidão falando todo tipo de idioma e professando a mesma fé é algo que realmente emociona”, diz.
Depoimento

A figura de Cristo
 
Fábio Luporini, repórter do Jornal de Londrina, participou da última edição da JMJ, em Madri
Foto: Josilaine Alberton/Arquivo pessoal

Cerca de 2,5 milhões de jovens participaram da JMJ de Madri.

A expectativa era grande. Foram cinco horas debaixo de um sol de mais de 40 graus. Como eu, milhares de outros jovens aguardavam a chegada do Papa Bento XVI para a Jornada Mundial da Juventude, em Madri, em agosto de 2011. Estava longe de ser um carisma como o do antecessor, o polonês João Paulo II. Era, entretanto, impressionante como a Igreja parecia estar mais jovem sob o pontificado do alemão Joseph Ratzinger. Mais de 2 milhões de jovens participaram da JMJ na Espanha.
Longe de qualquer prenúncio de renúncia, era visível o cansaço de um homem que já cruzara o limiar de oito décadas. Sobre os ombros, o peso de um cargo criado pelo próprio Cristo. O peso de crises e escândalos. O peso do secularismo. À sombra de um pontificado como o do carismático João Paulo II, que enfrentou o desafio de levar a Igreja ao novo milênio. Vejo Bento XVI como um Papa de transição, como foi João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II e provocou profundas transformações na Igreja.
A despeito de todas as críticas, Bento XVI defendeu a moral cristã. Seguiu com fidelidade a doutrina católica a respeito da família. Conservou os valores fundamentais do Evangelho. O Papa se aproximou dos jovens. Sugeriu insistentemente ao longo dos últimos anos que a juventude precisava ocupar com responsabilidade os novos areópagos do mundo moderno: as redes sociais. Não somente incentivou, como ele próprio aderiu à evangelização pela internet, criando o próprio Twitter, no fim do ano passado. E os jovens retribuíram essa aproximação.

A expectativa de participantes da JMJ no Rio de Janeiro, em julho deste ano, é o dobro do público em Madri. Muito embora Bento XVI fosse adjetivado como sisudo, antipático e nada carismático. Mentira. Este foi o Papa das surpresas. Em seu pontificado, nunca houve perseguição a teólogos, como outrora houvera. Curiosamente, as pessoas gostavam de ouvi-lo, pois é um excelente intelectual, teólogo, filósofo e catequista. As costumeiras audiências papais às quartas-feiras, no Vaticano, estavam sempre repletas de fiéis do mundo todo.

Ratzinger era aclamado onde estivesse. Como em Madri, quando os jovens gritavam pelo Papa – “Esta é a juventude, Papa!”, “Bento, Bento” –, em Roma não era diferente. Tampouco seria no Rio de Janeiro. Em Londrina, por exemplo, milhares de jovens estão se programando para o encontro com o Sumo Pontífice. O sucessor de Bento certamente virá à JMJ do Rio, como Ratzinger fez em 2005, na JMJ da Alemanha, compromisso marcado pelo antecessor polonês. Apesar da mudança de Papa, nada muda. Pois o que os jovens buscam em João Paulo II, em Bento XVI ou em qualquer outro Papa que vier, é a figura de Cristo.

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