quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

São José dos Pinhais reaproveita um terço de todo o lixo doméstico


Máquina separa o material reciclável do material orgânico (Fotos: Sergio Sabino)

Um terço de todo o lixo doméstico coletado em São José dos Pinhais é transformado em combustível e composto orgânico. A cidade é pioneira na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) a fazer o processamento desse lixo. A iniciativa, em fase de implantação, faz parte de uma série de ações adotadas pelo município visando a preservação ambiental, sustentabilidade e responsabilidade social. 
 
Um contrato entre a Prefeitura e a empresa Tibagi, que passou a funcionar nos últimos dias, permite o reaproveitamento do lixo doméstico. Parte do material coletado é transformada em combustível derivado de resíduos (CDR); o restante passa por compostagem e vira substrato. A iniciativa de São José dos Pinhais se integra à proposta da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela lei nº 12.305/10, que define como meta a “a eliminação de lixões por meio da compostagem e reciclagem”.
 
De acordo com a secretária de Meio Ambiente de São José dos Pinhais, Edilaine Vieira, o processo já vem sendo feito de maneira experimental desde fevereiro deste ano. “Firmamos um contrato com a empresa, que se credenciou no chamamento público, e, depois de uma série de testes e adaptações, o sistema está agora em pleno funcionamento”, explica. 
 
Reaproveitamento
 
Cerca de 50 toneladas de lixo doméstico (1/3 do total coletado no município) são enviadas diariamente à empresa Tibagi, onde passam primeiramente por uma máquina que faz a separação entre o material orgânico (restos de comida e papel higiênico) e o material reciclável. Segundo a secretária, mais da metade do lixo coletado nas residências é constituído de material que poderia ser aproveitado através da reciclagem se fosse devidamente separado pelos moradores. 
 
Os recicláveis passam então por uma segunda triagem, desta vez manual, a fim de retirar materiais que não podem compor o CDR, como garrafas pet e metais. “O CDR tem o potencial de queima três vezes maior que o cavaco da madeira”, destaca Edilaine. Esse combustível vem sendo utilizado na caldeira de uma fábrica de papel de Santa Catarina. 
 

Cápsulas onde o material orgânico é mantido em condições ideais para decomposição
 
A parte orgânica do lixo, depois de triturada, é misturada com cavaco de madeira e mantida em grandes cápsulas, onde são monitoradas a temperatura e a quantidade de oxigênio, a fim de criar condições ideais para as bactérias fazerem a decomposição do material. O processo todo de transformação dos orgânicos em substrato leva 28 dias. Parte do material produzido é usada para a recuperação de uma pedreira da empresa. 
 
A ideia, segundo Edilaine, é que nos próximos meses o reaproveitamento seja feito com todo o lixo doméstico do município, uma vez que o processamento não trouxe acréscimo no preço pago para a destinação do lixo. “O preço é de 90 reais por tonelada de lixo, o que é equivalente ao custo do aterro e do transbordo”, ressalta a secretária. 
 
O tempo natural de decomposição dos materiais é muito grande e altamente oneroso para a natureza. Para latas de aço, por exemplo, é de 10 anos; filtros de cigarro, cinco anos; plásticos e metais precisam de 450 anos até se decompor. “Com o processamento desses materiais não há passivo ambiental, ou seja, tudo é aproveitado e não contribuímos para a degradação de áreas utilizadas”, complementa Edilaine. 
 
Demais Ações
 
São José dos Pinhais tem hoje a maior central de reciclagem de lixo da Região Metropolitana. Em funcionamento desde 2011, a Central de Triagem e Valorização de Resíduos Recicláveis reaproveita cerca de 200 toneladas de lixo por mês. Também no ano passado o serviço de coleta seletiva foi expandido para todos os bairros da cidade.
 
A coleta de resíduos ganhou mais agilidade com a inauguração da estação de transbordo. No local, os detritos recolhidos por caminhões de pequeno porte são transferidos para caminhões maiores, com capacidade de armazenar o triplo. Depois disso, o material é levado ao aterro na Fazenda Rio Grande. 
 
Outra iniciativa pioneira da cidade é a licitação para o serviço de limpeza, com a exigência da destinação ambientalmente correta de resíduos da construção civil. Além disso, a Prefeitura investe na conscientização, através de programas de educação ambiental com as crianças da rede municipal de ensino e com a população, de uma maneira geral. 

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